Veja como as operações Monte Carlo e Vega, da Polícia Federal, que levou à expulsão do senador Demóstenes Torres, comprometeu parlamentares sem discriminar legendas
Nos próximos dias, uma CPI Mista com 12 senadores e 12 deputados deverá ser criada no Congresso Nacional para investigar relações entre o empresário Carlos Augusto Ramos , o Carlinhos Cachoeira, e “agentes públicos e privados”. Na terça-feira (17), será entregue às Mesas da Câmara e do Senado o requerimento de criação da CPI, de acordo com o senador Walter Pinheiro (PT-BA). Para a criação de uma CPI Mista é necessária a assinatura de 27 senadores e de 171 deputados. De acordo com o senador baiano, os líderes partidários farão a coleta de assinaturas em suas bancadas nas duas Casas do Congresso Nacional. Para entender o caso, que compromete parlamentares do Centro Oeste brasileiro, sem discriminar partidos, confira alguns dos envolvidos:
Carlinhos Cachoeira, empresário
Segundo investigação da Polícia Federal, o empresário explora jogos ilegais e construiu uma rede de tráfico de influência que cooptou parlamentares, policiais e outros agentes públicos. Ele foi detido em fevereiro e permanece preso. Há expectativa de que ele abra o jogo e revele todos os envolvidos na rede.
Demóstenes Torres, senador (DEM-GO)
Na Operação Monte Carlo, que prendeu Carlinhos Cachoeira no final de fevereiro, Demóstenes foi flagrado, em escutas telefônicas, em mais de 300 ligações com o empresário, levantando suspeitas de trocas de favor com o bicheiro. Amigos pessoais, Cachoeira e Demóstenes costumavam jantar juntos. Escutas telefônicas revelaram que o senador acertou com o empresário uma ajuda em processo judicial e em projeto de legalização de jogos de azar em tramitação no Congresso. O envolvimento do senador foi recebido com surpresa graças ao seu conhecido trabalho parlamentar em defesa da ética.
Sandes Júnior, deputado federal (PP-GO)
Conhecido político de Goiânia, capital de Goiás, o deputado Sandes Júnior (PP-GO) já foi candidato a prefeito da cidade e já enfrentou outros problemas com a Justiça antes da revelação do suposto envolvimento com Carlinhos Cachoeira. Júnior já foi alvo de ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal, respondeu processo por improbidade administrativa movido pelo Tribunal de Justiça de Goiás e foi acusado de crime eleitoral, em inquério investigado no Tribunal Regional Eleitoral do Estado.
Carlos Alberto Leréia, deputado federal (PSDB-GO)
Outro suposto envolvido no escândalo de corrupção é o deputado federal Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), notificado na última quarta-feira sobre uma representação apresentada contra ele na Corregedoria Parlamentar. Há suspeitas de que ele esteja envolvido com o contraventor Carlos Cachoeira. Um dos fundadores do PSDB, Leréia teve destaque em outro escândalo, em 14 de março deste ano, quando foi acusado do crime de racismo contra um policial legislativo. Leréia teria tentado entrar no Senado sem se identificar e, ao ser barrado, teria chamado o policial de "macaco" e dito que ele "procurasse um pau para subir".
Rubens Otoni, deputado federal (PT-GO)
No dia 12 de março, o Psol apresentou pedido de abertura de investigação contra o deputado federal Rubens Otoni, acusado de ter recebido R$ 100 mil de Cachoeira para a constituição de caixa dois em campanha eleitoral. Um dos políticos do PT mais conhecidos de Goiás, Otoni era considerado referência e articulava para se candidatar a governador do Estado em 2014. Para isso, já havia acumulado o apoio de Lula, que garantiu participar com empenho da campanha em Goiás.
Agnelo Queiroz, governador (PT-DF)
Nas gravações da Polícia Federal, Carlinhos Cachoeira cita um “número 1” de Brasília, o que gerou desconfianças de que o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT) esteja envolvido no caso. As próprias respostas de Agnelo ao caso têm complicado sua defesa. Um dia após negar ter se encontrado com Carlinhos Cachoeira, Agnelo Queiroz voltou atrás na última quinta-feira (12) e admitiu ter se reunido com o contraventor. Gravações obtidas pela Veja mostraram que os dois secretários mais poderosos de Agnelo se reuniram com um dos mais proeminentes integrantes da máfia. E mais: queriam “se enturmar” com o próprio Cachoeira.
Com informações das agências de notícias
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