Parece brincadeira, mas é verdade. De repente, a CUT decidiu acordar do sono letárgico em que estava mergulhada desde o início do governo Lula e dará largada nos próximos dias a uma campanha de ampla visibilidade contra o imposto sindical, o que promete provocar a discórdia entre as demais centrais –em sua maioria favoráveis à cobrança.
Vejam só o poderio financeiro da maior central sindical do país. Pretende vai gastar R$ 1,5 milhão em comerciais de TV e rádio e em anúncios de outdoors e jornais contra o imposto. Num avanço sobre as concorrentes, a CUT também prepara um plebiscito para ouvir trabalhadores de todos os sindicatos e saber quantos são contra a cobrança. É claro que a imensa maioria é contra descontar um dia de trabalho para engordar os cofres do governo e dos sindicatos. O plebiscito não tem nem graça.
Mas o objetivo maior da CUT não é agradar os trabalhadores, mas conquistar aliados na base das rivais.”Queremos envolver os trabalhadores e não só falar de nós, sindicalistas, para nós mesmos”, alega o presidente da CUT, Artur Henrique.
Segundo o Ministério do Trabalho, em 2011 foi recolhido dos trabalhadores R$ 1,6 bilhão com o imposto. Pouco mais de R$ 115 milhões foram repassados às centrais. O resto, dividido entre sindicatos, federações e confederações e o Ministério do Trabalho.
A proposta da CUT é trocar o imposto por uma contribuição voluntária, com valor votado em assembleia. A bandeira é antiga e remonta à fundação da central, mas encontra obstáculos até entre os seus sindicatos.
“A CUT deveria consultar antes a sua própria base para saber se é contrária ao imposto”, diz Ricardo Patah, presidente da UGT, a 3ª maior central,, atrás de CUT e Força Sindical.
A Força também é contra o fim do imposto e conseguiu defender a arrecadação enquanto Carlos Lupi –do mesmo PDT do deputado Paulo Pereira da Silva, da Força– era ministro.
Traduzindo: a CUT se arrisca a atirar as outras centrais nos braços da oposição.
(Por Carlos Newton/Tribuna)
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